A
SOCIEDADE DE CONSUMO
Antonio Andrade
Mota[i]
Escova de dente elétrica, cosméticos para orelhas, faca
de pão elétrica, controle remoto, celulares com “mil utilidades”, automóveis de
várias versões... O Mercado impõe para a sociedade novas necessidades sem que a
mesma se dê conta de suas ações ou ao menos reflita de forma crítica os seus
atos, uma vez que, parte desses consumidores tem plena consciência do que estão
fazendo.
Vivemos constantemente com uma necessidade de
consumir produtos variados, sejam os de primeira necessidade[ii]
(água, alimento, roupa, sapatos, habitação, lazer) ou os ditos supérfluos,
esses, como já exemplificamos no inicio desse
texto, são descartáveis ou desnecessários. Qual
a necessidade de uma faca de pão elétrica para uma pessoa saudável? Qual a
necessidade de uma pessoa trocar de aparelho de celular a cada 90 dias? Qual a
necessidade de substituir um automóvel a cada ano? Qual a necessidade de 100
sapatos ou 100 bolsas para uma única pessoa? As respostas para essas questões
são contempladas se for observado à ação do mercado.
É o Mercado que impõem suas vontades, seus desejos e
os seus objetivos, a sociedade é tão somente quem o conduz, apesar de parecer
que o mercado é o reflexo da sociedade. As estratégias utilizadas (marketing,
propaganda, inovação, promoções, divisão em parcelas, juros baixos) são
alimentadas e apresentadas como uma verdade absoluta, dessa forma, o consumismo
se impregna de forma assustadora na sociedade moderna.
Esse consumismo impõe uma lógica terrível
para o equilíbrio do planeta, uma vez que, acarreta uma demanda maior de
matéria prima, com isso, as reservas naturais são colocadas em xeque e a
distribuição desses produtos fica cada vez mais desigual. Os países
desenvolvidos ou os chamados grandes emergentes (Estados Unidos, Canadá, Alemanha,
França. Inglaterra, Itália, Israel, Japão, Austrália, Brasil, Rússia, Índia,
China, África do Sul...) consomem de forma assustadora, em volume e rapidez, já
os países periféricos ficam a margem dessa lógica do Mercado Global.
O consumismo é assim, uma prática dos
ricos, e nesse caso, os ricos dos países em desenvolvimento também fazem parte
desse conjunto de indivíduos que expõem as reservas naturais a um
desequilíbrio. O consumo de energia, tecnologia, alimento, roupas e viagens,
por exemplo, por parte dos mais abastados financeiramente é muito superior ao
consumo dos mais pobres, que ficam com as migalhas, com o que sobra, com os de
menor qualidade e quantidade. Não devemos esquecer o consumismo nas classes
média alta e média que, com o aumento do poder aquisitivo vem consumindo de
forma crescente.
O consumismo não cabe ao pobre, se for
uma patologia dos tempos atuais, mesmo assim, os desprovidos de renda não serão
contaminados por essa doença moderna, a sociedade de mercado é tão somente dos
ricos e dos “bem nascidos”. Assim, os contaminados pelo consumismo devem rever as
suas ações, ricos ou pobres precisam refletir antes de consumir. Essa pseudo
verdade que dizem que os proletariados também são consumistas é, tão somente,
uma balela, uma farsa, consumir produtos contrabandeados e/ou de baixa
qualidade (China, Índia, Taiwan) não pode ser entendido como consumismo,
mas como uma imposição do mercado, para calar a grande massa populacional que
fica a margem desse sistema capitalista, como diz Milton Santos, perverso.
[i] Antonio Andrade Mota é Mestre em
Geografia pelo IGEO/UFBA/2009 e atua como Professor de Geografia na SEC/BA
desde 1999.
[ii] Muitas vezes esses produtos de
primeira necessidade são consumidos desnecessariamente, o que definimos como
consumismo. Por exemplo, pode-se citar o caso de roupas e, até mesmo, de
alimentos, produzidos essencialmente para o consumo de uma sociedade cada vez
mais mercantilizada e individualizada.
O ser humano tem que ter noção dos seus atos, e principalmente da sua desenfreada necessidade de consumir. Consumimos o necessário e também o desnecessário.
ResponderExcluirAdorei essa postagens. Parabéns!
A maioria das pessoas, hoje, sabe que seu consumo exagerado provoca prejuízos desastrosos à natureza. O problema é o individualismo, que faz com que as pessoas não se preocupem com seu consumo exagerado, por achar que as consequências não iram lhes atingir. Por acreditar que o resultado de suas ações só irá aparecer depois que as mesmas morrerem. Também existem indivíduos que se sentem protegidos por ter algum status adquirido pela presença do dinheiro, assim acreditando serem insetos de qual quer catástrofe natural.
ResponderExcluirA postagem está muito boa e tem colocações muito pertinentes. Parabéns!
É de extrema importância que além de termos a preocupação de mantermos um mundo saudável para nossos filhos, nos preocupemos também com a educação dos mesmos, contribuindo assim na formação de pessoas melhores para o mundo. Assim asseguraremos uma posteridade mais saudável, já que além de não fazer bem para natureza, esse consumo exagerado não faz bem para a formação dos indivíduos como pessoas conscientes.
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