segunda-feira, 4 de março de 2013

A Sociedade de Consumo


A SOCIEDADE DE CONSUMO

Antonio Andrade Mota[i]

Escova de dente elétrica, cosméticos para orelhas, faca de pão elétrica, controle remoto, celulares com “mil utilidades”, automóveis de várias versões... O Mercado impõe para a sociedade novas necessidades sem que a mesma se dê conta de suas ações ou ao menos reflita de forma crítica os seus atos, uma vez que, parte desses consumidores tem plena consciência do que estão fazendo.

Vivemos constantemente com uma necessidade de consumir produtos variados, sejam os de primeira necessidade[ii] (água, alimento, roupa, sapatos, habitação, lazer) ou os ditos supérfluos, esses, como já exemplificamos no inicio desse texto, são descartáveis ou desnecessários. Qual a necessidade de uma faca de pão elétrica para uma pessoa saudável? Qual a necessidade de uma pessoa trocar de aparelho de celular a cada 90 dias? Qual a necessidade de substituir um automóvel a cada ano? Qual a necessidade de 100 sapatos ou 100 bolsas para uma única pessoa? As respostas para essas questões são contempladas se for observado à ação do mercado.

É o Mercado que impõem suas vontades, seus desejos e os seus objetivos, a sociedade é tão somente quem o conduz, apesar de parecer que o mercado é o reflexo da sociedade. As estratégias utilizadas (marketing, propaganda, inovação, promoções, divisão em parcelas, juros baixos) são alimentadas e apresentadas como uma verdade absoluta, dessa forma, o consumismo se impregna de forma assustadora na sociedade moderna.

Esse consumismo impõe uma lógica terrível para o equilíbrio do planeta, uma vez que, acarreta uma demanda maior de matéria prima, com isso, as reservas naturais são colocadas em xeque e a distribuição desses produtos fica cada vez mais desigual. Os países desenvolvidos ou os chamados grandes emergentes (Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França. Inglaterra, Itália, Israel, Japão, Austrália, Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul...) consomem de forma assustadora, em volume e rapidez, já os países periféricos ficam a margem dessa lógica do Mercado Global.

O consumismo é assim, uma prática dos ricos, e nesse caso, os ricos dos países em desenvolvimento também fazem parte desse conjunto de indivíduos que expõem as reservas naturais a um desequilíbrio. O consumo de energia, tecnologia, alimento, roupas e viagens, por exemplo, por parte dos mais abastados financeiramente é muito superior ao consumo dos mais pobres, que ficam com as migalhas, com o que sobra, com os de menor qualidade e quantidade. Não devemos esquecer o consumismo nas classes média alta e média que, com o aumento do poder aquisitivo vem consumindo de forma crescente.

O consumismo não cabe ao pobre, se for uma patologia dos tempos atuais, mesmo assim, os desprovidos de renda não serão contaminados por essa doença moderna, a sociedade de mercado é tão somente dos ricos e dos “bem nascidos”. Assim, os contaminados pelo consumismo devem rever as suas ações, ricos ou pobres precisam refletir antes de consumir. Essa pseudo verdade que dizem que os proletariados também são consumistas é, tão somente, uma balela, uma farsa, consumir produtos contrabandeados e/ou de baixa qualidade (China, Índia, Taiwan) não pode ser entendido como consumismo, mas como uma imposição do mercado, para calar a grande massa populacional que fica a margem desse sistema capitalista, como diz Milton Santos, perverso.



[i] Antonio Andrade Mota é Mestre em Geografia pelo IGEO/UFBA/2009 e atua como Professor de Geografia na SEC/BA desde 1999.
[ii] Muitas vezes esses produtos de primeira necessidade são consumidos desnecessariamente, o que definimos como consumismo. Por exemplo, pode-se citar o caso de roupas e, até mesmo, de alimentos, produzidos essencialmente para o consumo de uma sociedade cada vez mais mercantilizada e individualizada.
 

3 comentários:

  1. O ser humano tem que ter noção dos seus atos, e principalmente da sua desenfreada necessidade de consumir. Consumimos o necessário e também o desnecessário.

    Adorei essa postagens. Parabéns!

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  2. A maioria das pessoas, hoje, sabe que seu consumo exagerado provoca prejuízos desastrosos à natureza. O problema é o individualismo, que faz com que as pessoas não se preocupem com seu consumo exagerado, por achar que as consequências não iram lhes atingir. Por acreditar que o resultado de suas ações só irá aparecer depois que as mesmas morrerem. Também existem indivíduos que se sentem protegidos por ter algum status adquirido pela presença do dinheiro, assim acreditando serem insetos de qual quer catástrofe natural.

    A postagem está muito boa e tem colocações muito pertinentes. Parabéns!

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  3. É de extrema importância que além de termos a preocupação de mantermos um mundo saudável para nossos filhos, nos preocupemos também com a educação dos mesmos, contribuindo assim na formação de pessoas melhores para o mundo. Assim asseguraremos uma posteridade mais saudável, já que além de não fazer bem para natureza, esse consumo exagerado não faz bem para a formação dos indivíduos como pessoas conscientes.

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